Três grandes problemas dificultam Make a Girl como filme. A primeira é a sua própria premissa. Akira espontaneamente faz de Zero, uma garota literal que vive e respira, do nada. Nascida adolescente, a sua filha criada em laboratório já conhece, à nascença, todas as informações necessárias para viver na sociedade humana (como competências linguísticas e pensamento crítico) – mesmo que lhe falte a experiência necessária para utilizar esses dados corretamente. E para ser claro, isso não é uma ocorrência cotidiana no mundo deste filme – outras pessoas não estão por aí fazendo adolescentes por capricho.

Apesar disso, ninguém ignora o fato de que Akira criou a vida. Seus amigos dão pouco mais do que um suspiro exasperado, e seus colegas cientistas a acham interessante, mas não muito mais. O que ele fez logicamente tem implicações que abalarão o mundo, mas não há interferência do governo ou protestos da sociedade. As pessoas simplesmente não parecem achar que isso é grande coisa.

Decorrentes dos problemas com a premissa, temos a próxima questão importante: o tom. Grande parte do filme é boba e alegre, focando em Zero se adaptando à vida na sociedade humana e tentando descobrir seu papel como namorada de Akira. É tão alegre que, dado o assunto que deveria ser sério, soa falso. Quase parece que há alguma grande reviravolta em andamento – como se o mundo inteiro fosse fabricado ou um sonho ou algo semelhante. É incrivelmente desafiador suspender a descrença. Depois vem o clímax final, tão intenso e graficamente violento que parece parte de um filme diferente (e muito mais interessante).

E aqui chegamos à questão final que assola o filme: seu tema. No final das contas, Make a Girl está focado na questão do livre arbítrio. Zero ama Akira porque ela foi projetada dessa forma, ou suas emoções são totalmente próprias? Mas mais do que isso, como ela pode provar isso de uma forma ou de outra? Esse é o dilema pessoal que está no cerne do filme. O problema é que, em vez de realmente desenvolver e explorar esse enigma, o filme salta diretamente para a forma mais extrema de testá-lo. E embora crie um clímax emocionante e visceral, o filme faz pouco tematicamente para estabelecer as bases para tal reação exagerada.

É claro que o filme não é de todo ruim – mesmo dentro dos problemas mencionados acima há mais do que alguns elementos interessantes. Um aspecto interessante do filme é que seu herói e vilão enfrentam as mesmas lutas. Ambos estão batendo a cabeça contra a parede na tentativa de começar a entender a maior mente científica da geração anterior: a mãe de Akira. Ambos estão se esforçando cada vez mais para tentar progredir – para sair da sombra de uma mulher tão grande. Mas a pressão é devastadora e leva ambos a fazer coisas das quais se arrependem. No final das contas, o problema central é o mesmo: nenhum dos dois consegue entender o processo de pensamento da mãe de Akira e, portanto, não pode continuar seu trabalho ou mesmo desenvolvê-lo.

Outro desenvolvimento interessante é a investigação do amor. Embora o amor romântico seja o catalisador, o filme também se concentra no amor familiar. Também é divertido brincar com a ideia de triângulos amorosos, melhores amigos de infância e as maneiras como as pessoas usam seus papéis na vida de outras pessoas para preencher os seus próprios vazios. Basicamente, explora como o amor pode permitir que você veja o mundo de uma nova maneira – e pode mudar sua vida para torná-lo uma pessoa mais equilibrada e produtiva no processo.

No lado visual, Make a Girl é uma mistura. Há momentos em que o filme de animação 3D realmente se parece com um filme de animação tradicional – porém, na maioria das vezes, isso não acontece. Isso não significa que pareça ruim, no entanto. Quanto mais cheia de ação a cena, mais impressionante o filme se torna. Por outro lado, algumas fotos amplas perceptíveis que são um pouco estranhas. Apesar dos modelos 3D usados ​​no filme, os personagens parecem pouco detalhados. Existem também algumas quedas estranhas no rácio de fotogramas da animação.

A música não é ruim, mas é definitivamente esquecível. Sinceramente, não consigo me lembrar de um único compasso-ou mesmo de um momento em que a música se destacasse-positiva ou negativamente.

No final, Make a Girl tem uma premissa mal elaborada, um tom inconsistente e um tema pouco explorado. A animação em si também está repleta de altos e baixos no departamento de qualidade. É, simplesmente, um filme com algumas ideias interessantes, mas com execução pobre.

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